27 de setembro de 2012
Paidéia
I
Diante do óbvio,
A espiral do tempo
Com suas inegáveis ranhuras,
Descobriram alguns
(Estes Zenão e Parmênides)
Como driblar o imóvel
Contorno dos termos.
Posto do axioma
Seu intento
-- Voltar o ser sob(re) si mesmo
Por definição,
Criar o conceito,
Optaram estes pelo avesso.
Acesso situado do mesmo
Ao diferente:
Através do negativo,
A ironia e o disfarce
Antes que a verve
Dialógica socrática aparecesse.
Uma hipérbole instalava-se
No centro do então simétrico
Fundo branco deste espaço:
Poesia rompendo o silêncio.
II
Somente essa pedra fria
Que força o virtual do entendimento
Poderia tocar o absurdo
Sem deixar se fragmentar
Em incontáveis
E agudas experiências
O real e seus perceptos,
Para sugerir imediatas
Ainda que ocas
Suas proposições tocantes em erro.
A astúcia que tardou a ser ouvida
Ressoa agora por toda a história
E pelas frestas desse jogo
De espelhos e contraditos.
Então permitiu àquele que escreve
A técnica do dizer por outro.
Falando tal qual um tolo:
Diante do óbvio
O não-sentido é só
Provocativo.
III
Mas nos faltam armas de conquista
Sobre as muralhas das aporias
E sobre os falsos dilemas.
Inconsequente, o jovem Platão,
Que venceu o desejo
De ter o movimento
Encerrado para sempre
Nos labirínticos corredores
Da Academia,
Recusa todos os simulacros
E apenas alguns
Modos gregos.
Aqui tudo pela ordem.
Entretanto, tal como um antídoto
-- Ou como senha
Grava o professor sua máxima,
Como aqueles que exibem
Os despojos de guerra
Tão somente para insistir à memória:
"Não entre aqui quem não for geômetra".
Assinar:
Postagens (Atom)