e no colchão de ar pareço dormir em pé.
(Resumo poético de 2009, vivendo em Assis.)
– Eu só fumo quando eu bebo.
– Ah, daí não tem problema! A cerveja lava o pulmão e tira toda a nicotina.
Se você riu, confira o blog Conversas Furtadas.
_________________________________________________________
A coluna do Hatoum, de sexta-feira passada (26/06, se não me engano...), no Estadão, falava sobre o papagaio que ele trouxe de Manaus para São Paulo e de um episódio de quando o tal fugiu. Detalhe, ele só falava em francês. Uma crônica tão bem alinhavada que quase me fez sair correndo pra comprar um exemplar. Acontece que é caro e que todo animal precisa de cuidados -- coisa que hoje, na atual conjuntura, melhor não.
Procure ler.
Às vezes, sobre um soneto voraz e abrupto, passa
uma rapariga lenta que não sabe,
e cuja graça se abaixa e movimenta na obscura
pintura de um paraíso mortal.
Nesse soneto nocturno escrevo que grito,ou então que durmo,
ou que às vezes enlouqueço. E a matéria grave
e delicada do seu corpo pousa no centro
desse sopro feroz. E o soneto
veloz abranda um pouco, e ela curva o corpo
teatral - e o ânus sobe como uma flor animal.
O meu pénis avança, no soneto que soletro
como uma dança, ou um peixe negro nos
frios planos sombrios e sonâmbulos:
- a aliança intrínseca de um pénis e de um ânus.
Herberto Helder, Ou o poema contínuo, Assírio & Alvim.
"A isso me induz a cerveja que turba a razão e chega a fazer uma pessoa sisuda cantar e rir amavelmente, que põe de pé e a dançar e traz para fora palavras que melhor fora silenciar. Contudo, já que abri a boca, lá vai o caso." (Odisséia, canto XIV, adaptado.)