27 de junho de 2009

Michael Jackson

No mítico bar da Nove de Julho:
- Você lembra de mim?
Acanhado em dizer que não, disse que "so, so".
- Prazer, eu sou Van Gogh.
- Mas você está com as duas orelhas...
A frase seguinte veio inaudível, mas o forte hálito de cerveja, misturado a incontáveis cigarros de filtro vermelho chegaram rapidamente.
A pequena coincidência continuaria quando o Van Gogh contou verborragicamente toda a sua obra, suas particularidades, sua relação com Théo e uma implacável análise das cores d"O quarto".
Segue-se uma pausa:
- Meu nome é João, sou pintor, tenho um ateliê na Sta. Terezinha. E disse isso num abraço forte, com o rosto aproximando e voltando para trás, num típico movimento de um bêbado louco e amigo.
- Não ligue, o que estava de costas pra nossa estranha relação no começo da tarde entrava na conversa. Ele é boa gente e o conheço fazem uns 10 anos. Tenho um quadro dele na minha sala. E o Celso (dono do bar) tem um quadro meu, também na sala.
Eram dois pintores. E a conversa passou da técnica de luz e sombra de Caravaggio às inventividades de Picasso em menos de trinta minutos.
Nem preciso dizer que se a vida é feita de encontros, e cada encontro é um susto -- a vida é um susto.

PS: O título, que se refere ao cantor homossexual que tranca a mídia com sua imagem rebuscada de plásticas e esvaída de vida, só foi proposto para que o blog -- de repente -- figurasse em algum tipo de mecanismo de busca da internet, ok?

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