14 de dezembro de 2011
Moradas (Alejandra Pizarnik)
Na memória de um louco,
Na tristeza de um menino,
Na mão que busca o copo,
No copo inalcançável,
Na sede de sempre.
21 de novembro de 2011
Analítica
Uma delas é verdadeira.
Teu sim,
Meu não.
O mal do tempo,
Felicidade de estar.
Eu te amo,
Então me deixe.
Esconda os sonhos,
São vento e poeira.
Venha,
Equilibre-se.
A queda do absurdo
Na simetria da cama.
Meu sim,
Teu não.
Infinito pesar,
O silêncio impossível.
E nesse bailar sobrevém um poema.
Tão somente
Pra te ver brincar:
Esse é o falso mais derradeiro.
13 de novembro de 2011
57,3333333
[Ela]
15 de julho de 2011
Citação -- Lívia Gusmão / Miss Blue
Não penso pra escrever.
Se rima, é sorte
Ou azar de quem lê.”
14 de junho de 2011
Recorte epistemológico tipicamente sorocabano
19 de maio de 2011
MIX
21 de abril de 2011
Incólume
Ensimesmada, a tartaruga venceria qualquer herói,
Aquiles seria inglório.
Assim como tais ordinárias aporias.
No entanto hoje, conduzindo um corcel cinza,
Motor prestes a sucumbir,
Fracas suas relações --
Sou um deus a vinte por hora.
28 de fevereiro de 2011
Balada para Artemiro Cruz
Simulo tua morte, nosso possível encontro:
Rejeição e amor fugaz em linhas nos definem.
Incomoda-te essa minha vontade?
Liberdade-rancor-fracasso.
Mentir seria meu ofício, contar histórias:
Interessar-me-ia somente ver meus olhos
Ao observar Catalina. Mas ela passa.
Suas incontáveis memórias não.
Simulo teu leito e tua face partida
Que em cacos me espia – logo sou
Teu esgar às luzes de Hermosillo
E a resistência dos teus.
Por tantos índios caídos e falsos messias,
Finjo hoje ser um yaqui, no centro do mundo.
Esse peso de opostos me derruba:
Consigo? Quase, quase. Só quase.
Sua força mítica e seu nome inútil
Morrerei, morrerá – um noturno adágio.
E quem viverá nesse silêncio?
Só tu é que me poderá contar:
“Acreditará em seus dias com os olhos fechados.”
Gustavo Lacava,
28/02/2011
7 de fevereiro de 2011
Pós-tudo
"Tzinacan"
Há um Santo no jardim. Em sua fronte, ao centro, carrega o Universo, e é menor que uma cigarra. Dos seus pés descalços escorrem duas nascentes: a que vai para o Leste culmina num lago, onde animais de todas as espécies se alimentam (há peixes em abundância, mas não há competição): tudo é farto no lago e em torno dele; à Oeste, o rio turva-se e acelera sua velocidade, progredindo geometricamente, sob a razão de cinco. Logo, exige desafios para compreender sinuoso traço. Esfinges encontram esconderijo nesse labirinto de margens duras e rigorosas. Porém o corte na terra, desenhado caprichosamente pelo tempo – que não é mais do que o próprio rio – desvela um caminho entre os vales, repletos de pedras e flores cujas pétalas ainda não têm nome.
Sobre sua cabeça, um anel brilhante pende do éter azul e incógnito. Há quem pense ser essa aréola um conjunto de planetas e variados sóis, reduplicando as possibilidades e as dúvidas. Em verdade, pendem do Imensurável luzes multicores que conseguem dar novos temas às pastagens cor de oliva. Há o amarelo de Van Gogh e as luzes da Renascença, espelhados nos topos e entre as árvores do bosque. Parece que são essas ondas que regulam o clima, por ora quente e úmido.
Na mão esquerda carrega Ele um cetro adornado por pérolas escuras, como se não fosse um ser da terra, e sim do mar. Mas não há nada Nele que remeta às ondas, que são determinadas e rigorosas: essa sua contradição é fruto de uma paixão imensa por tudo aquilo que nasce e perece. Se Nele há repetição é só porque compreendeu a simetria matemática de existir – o Santo é demasiado humano. E na palma da mão direita duas chagas revelam seu mistério: mesmo os deuses são, ainda, temerosos e gostam de sentir assim. Para o Santo, simplesmente ser e estar, com todos os Verbos em-si.
Na íris desse irrevogável Santo vêem-se comandos e ordens parados que regulam o Fogo Primordial. Os signos usados para que cada ação mova-se em em círculos aparenta-se com o I Ching, embora suas combinações sejam infinitas. Cada lento tempo de olhar, entre fechar e abrir novamente os olhos, é uma existência que se instaura, independente Dele: há quem viva, há quem corra. Há sempre esquecimento. E nesse ínterim, pululam novas formas de Memória. O Santo reconhece ser isso o que os mais nobres da estirpe dos humanos chamam pelo nome de consciência. Não há desacordo no semblante do Santo.
Diante de tudo isso, que notou ser Sublime, o Santo diz sua única assertiva – como uma praga ou uma predileção. Fala antes de levantar-se e partir com os olhos cansados e as mãos dispostas a destruir todos os livros que tentarão contar de sua passagem por este jardim. “Há só uma história a se contar” – sua única doutrina, seu canto pela eternidade ecoado em terças, quintas e sétimas acalma o Horizonte, que já começava a ruir.
7 de janeiro de 2011
Cadê os bons redatores???
Agora, a matéria publicada, na íntegra -- e sem autoria:
Compare as afirmações em ambos os textos: já dá um problemão! Mesmo que lêssemos apenas a matéria divulgada (07/01/2011) já dava pano pras mangas: a parte grifada contém inúmeras contradições em termos, e o pior, associa essa série de erros (como a "simplificação do conteúdo") à banda Sarabatana.
Enviei um email questionando a redação da matéria e vou aguardar sentado. E se chegar uma resposta do tipo "não há erro nenhum", não acharei muito surpreendente.
Cultura em Sorocaba? Ah, vá estudar!